quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Por isso a imagem não é um vestígio, um resto de percepção mas sim uma convicção de ter visto: não vemos se não acreditamos no que vemos (BACHELARD apud RICHTER, 2005). Para Merleau-Ponty (2006, p. 220), “a imaginação visa sempre ao objeto percebido. Imaginar não é contemplar um quadro interior, mas referir-se ao objeto único. Imaginar é tender para o objeto real a fim de fazê-lo aparecer aqui”. Por isso, quando as crianças desenham, não estão nada preocupadas em como as coisas “são”, mas sim como se sentem em relação a elas. É o que Merleau-Ponty (2002, p. 186) afirma quando escreve que

a finalidade é marcar no papel um traço de nosso contato com esse objeto esse espetáculo, na medida e, que fazem vibrar nossos olhar, virtualmente nosso tato, nossos ouvidos, nossos sentimentos do acaso ou do destino da liberdade. Trata-se de dar um testemunho, e não mais de fornecer informações.

Tal afirmação exige reconsiderar o modo como vemos ou compreendemos os desenhos das crianças. Não mais sob o postulado da representação enquanto “dado um objeto ou um espetáculo , transferi-lo e produzi-lo sobre o papel uma espécie de equivalente seu, de tal maneira que em princípio todos os elementos do espetáculo sejam assinalados sem equívoco e sobreposição” (MERLEAU-PONTY, 2002, p. 184).

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