quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Ambos os autores permitem afirmar a experiência poética como ato de aprender a dar outro curso às coisas através do esforço corporal integrado ao intelectual, ou seja, enquanto pensamento em ato. Trata-se de destacar que não podemos separar a mente do corpo, o que faço do modo como faço.
O conceito de experiência poética é bastante complexo pois é necessário considerar, além da mente, o corpo que age nos processos de aprendizagem. E isso não é algo fácil de entender, especialmente na escola. Mas, se refletirmos com Valéry (1999, p.181) a importância de considerarmos “com mais complacência, e até com maior paixão, a ação que faz do que a coisa feita”, podemos alcançar que o mundo não é o que eu penso mas o que eu vivo. Para Merleau-Ponty (1991,p. 79),

da mesma forma que a operação do corpo, a das palavras ou das pinturas me permanece obscura: as palavras, os traços, as cores que me exprimem saem de mim como os meus gestos, são-me arrancados pelo que quero dizer como os meus gestos pelo que quero fazer.

O que Merleau-Ponty (1991) destaca é o poder do corpo – o “eu posso” – nos processos de aprendizagem das crianças e não tanto o “eu penso” como ação isolada, sem um corpo que a sustente. Essa inseparabilidade pode ser observada quando as crianças estão envolvidas no ato de desenhar, pois exige o corpo inteiro presente no ato da mão traçar linhas no papel. É o corpo que se mexe dando sentido no seu desvendar o vivido e o que pode ser vivido. Ao desenharem as crianças estão narrando algo e essa ação é percebida através do corpo que mostra sua percepção do mundo.

Um comentário:

  1. Olá, gostei muito desse conceito da experiência poética, o que para mim era desconhecido. Nunca tinha pensando que o corpo além da mente também age nos processos de aprendizagem.

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