quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Nessa compreensão de desenho torna-se importante considerar a concepção de aprendizagem em Maturana (2000). Para o autor, aprender não é uma aquisição de algo pronto e sim uma transformação no viver: aprender é um modo de viver. A educação também é um processo de transformação no viver, e por isso é importante favorecer experiências na qual as crianças possam transformar as coisas do mundo através do corpo inteiro: palavra, voz, desenho, e nesse ato se transformar ao criar outras realidades além das existentes.
Nessa perspectiva, torna-se importante considerar o pensamento de Merleau-Ponty (2002, p. 184) quando afirma nossa dificuldade em compreender que o desenho da criança não é “expressão do mundo que percebemos”, portanto não há conformidade ao objeto a partir da mente como depósito de imagens. Para Merleau-Ponty (2006, p. 220),

a imagem não é uma percepção enfraquecida. Não é passível de ser “observada”, ou seja, examinada ponto a ponto como uma coisa percebida; ela não enseja, como a coisa percebida, um desenrolar de aparência concordantes para cada variação de ponto de vista. Ela não é “coisa” interior ou “psíquica”, mas uma convicção global. Alain dizia que ela é credulidade, convicção de ter visto: não vemos, acreditamos ver. Quando, numa floresta, tomamos uma árvore por silhueta humana, essa ilusão só é possível porque no início consentimos em não olhar realmente, pois, sempre segundo Alain, só vemos o real, podemos usar o real percebido para enxergar outra coisa, mas então não estamos olhando.

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