quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Aqui podemos estabelecer uma aproximação com a concepção de imaginação criadora em Bachelard. Para o filósofo a imaginação não é imagem-reflexo do real. A imagem faz aproximações com a realidade e quanto mais distante dessa realidade, mais intenso seu poder poético pois “é preciso ter algo mais que imagens reais diante dos olhos. É preciso seguir imagens que nascem em nós mesmos, que vivem em nossos sonhos” (BACHELARD apud RICHTER, 2005). Bachelard, ao afirmar que primeiro imaginamos e depois percebemos, rompe com a tradicional concepção de que primeiro vemos, depois lembramos e por último imaginamos. Concepção essa que sustenta a lógica escolar do corpo imóvel atento às palavras da professora e à visão do quadro negro. Trata-se da compreensão escolar de aprendizagem como processo fragmentado no qual a criança deve primeiro ver e ouvir para depois compreender, ou seja, primeiro deve compreender mentalmente a explicação para depois vivê-la corporalmente.
Merleau-Ponty (1991) contribui para compreendermos a existência de uma significação “linguageira” da linguagem que não se prende ao “penso” cartesiano mas ao “posso” do corpo operante que diz respeito ao ser próprio do gesto humano inaugurar sentidos realizando uma experiência e sendo essa própria experiência, isto é, agindo no mundo – ou aqui, desenhando.

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