quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Acompanhar intencionalmente o processo de desenhar – o agir – permite afirmar que uma característica das crianças é a repetição e a insistência quando algo lhes interessa. No início de minha convivência com as crianças desenhando, percebi que a maioria manteve o interesse em fazer castelos por vários encontros. Em um deles, sentei perto de um menino que iria começar seu desenho. Logo me perguntou se queria desenhar com ele. Perguntei o que desenharíamos e respondeu que seria um castelo. Respondi, um tanto insegura se deveria desenhar, que não sabia como fazer e ele me disse, já desenhando, para ir copiando o dele. Começou a desenhar parte por parte do castelo. Fazia um risco e esperava que fizesse o meu, sempre dizendo que deveria ser igual ao dele, inclusive as cores. Ao final, sugeriu fazermos um dragão. Mantive a atitude de esperar pelo menino e, nesse momento, ele me comunicou que o dragão seria feito do meu jeito, já que ele não sabia explicar como fazer. Então, fiz o meu dragão, mas a cor foi ele quem escolheu. Assim que terminei, olhei para nossos desenhos e percebi que ele tinha desenhado o seu dragão a partir do meu, mas o resultado visual permaneceu diferente do meu.
Geralmente, na escola, a criança permanece sozinha – ou com outras crianças na mesma situação – em suas investigações na linguagem plástica. Contra a crença que a criança deve desenhar sozinha, livre para “criar”, fui compreendendo a riqueza do encontro entre adulto e criança, entre crianças e crianças, no ato de desenhar: um aprende com o outro.

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