quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Para a criança o momento mais importante ao desenhar é aquele em que ela está capturada, encantada com aquilo que vai aparecendo enquanto vai fazendo. O “resultado” desenhado não é muito importante diante da brincadeira durante o ato de desenhar. Dessa maneira, ao desenhar a criança marca no papel seu processo de sentir e interpretar o mundo, criando um universo seu, colocando em movimento seu encontro com o mundo através das linhas e traços que vão aparecendo no papel. O desenho surge então como brincadeira, experimentação do vivido enquanto ato de recontá-lo, refaze-lo. Um modo de narrar o vivido.
Assim, não podemos mais dizer que o desenho infantil é uma cópia do mundo oferecida para a criança, mas sim que ele é um ensaio de expressão no viver, pois “a criança representa sobretudo o que pode tocar, sua experiência emocional. (...) Os objetos apresentam-se às crianças principalmente como um aspecto afetivo” (MERLEAU-PONTY, 2006, 214).
Por isso, desenhar não é copiar ou reproduzir o existente, mas interpretá-lo, reinventá-lo. Para Bárcena (2001, p.4),

O ato revolucionário da infância é uma incisão no mundo já interpretado que, ao agir como se não houvesse um sentido assinalado, inventa. A infância é isso: invenção de um mundo em radical liberdade, com agradável luminosidade das ações espontâneas e não sombra de um mundo de reflexos condicionados. Por isso, podemos dizer que o ser humano não contribui com o mundo fabricando-o, mas transformando-o. Não simplesmente recriando-o, mas inventando-o.

Um comentário:

  1. O desenho é com certeza uma forma da criança poetizar o mundo.Atraves de seus registros a criança pode expor seus sentimentos,seus desejos e medos.E assim ela vai interpretando o mundo,com seus traços e linhas no papel.A criança nao copia,ela cria seus desenhos e mostra a sua maneira de ver o mundo.Parabens pelo blog,um otimo assunto para nos educadores pensarmos.

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